
Moléculas
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Capsaicina
Em 04 de outubro de 2021 foram anunciados os vencedores do Prêmio Nobel 2021 de Fisiologia ou Medicina. Os laureados foram o estadunidense Davis Julius e o libanês naturalizado estadunidense Ardem Patapoutian, que realizaram pesquisas independentemente, porém relacionadas entre si. Davis Julius foi quem descobriu no final dos anos 1990 os receptores sensíveis à temperatura, através de experimentos realizados com a capsaicina. Ele identificou genes que expressam proteínas que tornam as células sensíveis à capsaicina, substância que gera calor. Estas proteínas são canais iônicos, entre eles a TRPV1. Da mesma forma que ao calor, temos também canais sensíveis ao frio, identificado por experimentos com o mentol, como a proteína TRPM8. A descoberta destes canais iônicos sensíveis a temperatura e também ao toque (descobertas de Patapoutian), foi possível identificar várias outras proteínas que ajudaram a compreender a fisiologia de vários processos e a prever tratamentos para várias doenças, como a dor crônica. A partir dessas descobertas fascinantes, podemos falar um pouco sobre o que é a capsaicina.
Esta molécula é de origem natural, encontrada nas pimentas vermelhas, aquelas do gênero Capsicum, da família Solanaceae. Não se deve confundir com a pimenta preta, que não tem essa substância e pertence a gênero e família botânica completamente diferente. A capsaicina é quem confere a ardência da pimenta e está concentrada principalmente nas sementes. Na verdade, as pimentas produzem várias substâncias com estrutura química similar, chamadas capsaicinoides, no entanto, a capsaicina é a molécula majoritária. A substância é classificada com uma amida da vanililamina, contendo uma cadeia de ácido graxo. Possui propriedades analgésicas, principalmente para tratar de forma tópica dores de origem neuropática, dores de mastectomia e psoríase, e ainda neuralgia pós-herpética, pois promove aquecimento no local da dor, trazendo alívio, ação esta relacionada à descoberta pelos laureados com o Nobel. Além do mais há evidências de ações citotóxicas/antitumorais, anti-inflamatórias e digestivas.
Já percebeu que as comidas orientais são bastante apimentadas? Na medicina tradicional sabe-se que a pimenta melhora a digestão, induzindo maior produção de ácido clorídrico no estômago, além de favorecer o peristaltismo (movimentos da musculatura lisa do trato gastrointestinal).