
PLANTAS

Mikania sp.
Foto: Gustavo Giacon.
https://ciprest.blogspot.com/2020/02/guaco-trepadeira-mikania-glomerata.html

Cumarina (1,2-benzopirona),
princípio ativo do guaco.
Guaco
Nome científico: Mikania glomerata Spreng. e Mikania laevigata Schu.Bip. ex Baker
Família: Asteraceae
Origem: planta nativa do Brasil
Parte usada: folhas
Usos populares: tratamento de problemas respiratórios, expectorante
Composição química: cumarina (1,2-benzopirona) [marcador químico da espécie], diterpenos (ácidos ent-caurenoicos), óleos essenciais
Farmacologia:
A cumarina é a principal substância responsável pelas atividades farmacológicas, além de conferir o aroma adocicado característico dessas espécies. A cumarina é responsável pela atividade broncodilatadora através do relaxamento da musculatura lisa. Também apresenta atividade citotóxica, anti-HIV1 pela inibição da transcriptase reversa, antifúngica, inseticida, vasodilatadora coronariana através da inibição da cAMP-fosfodiesterase e anticoagulante, inibindo a formação de tromboxana nas plaquetas. Além do mais, a cumarina é capaz de inibir a migração de neutrófilos em processos inflamatórios. Este efeito anti-inflamatório pode estar relacionado à inibição da produção de citocinas pró-inflamatórias no local da inflamação.
Já os ácidos ent-caurenoicos destacam-se por suas ações farmacológicas anti-inflamatórias e expectorantes. Esses diterpenos parecem possuir ação antimicrobiana contra Staphylococcus aureus e S. epidermidis, além da atividade antifúngica, inibindo o crescimento de Candida albicans.
Podemos encontrar formulações derivadas das espécies M. glomerata e M. laevigata nas seguintes formas farmacêuticas: preparações extemporâneas (infusão), tintura e principalmente em xaropes, todas com indicação como expectorante.
Curiosidades:
As espécies Mikania laevigata e Mikania glomerata são plantas diferentes, embora pertençam ao mesmo gênero botânico, tenham praticamente a mesma composição química e possuam as mesmas propriedades farmacológicas. A sua semelhança morfológica já causou inúmeros equívocos de identificação do material vegetal no passado, quando uma planta era estudada como sendo a outra, problema que hoje já pode ser resolvido com as técnicas de análise genética da biologia molecular.
Outra curiosidade é que os registros históricos dos naturalistas e médicos e farmacêuticos de séculos atrás não mencionam o uso da planta para tratar problemas respiratórios. No entanto, curiosamente, os registros sempre citam as propriedades antiofídicas do guaco, que era usado para tratar picada de cobras. Tal explicação para esse uso pode estar relacionado ao efeito anticoagulante e anti-inflamatório, neutralizando assim a ação das toxinas de serpentes.
Fontes para consulta:
Gasparetto, J. C. et al. Mikania glomerata Spreng. e M. laevigata Sch. Bip. ex Baker, Asteraceae: estudos agronômicos, genéticos, morfoanatômicos, químicos, farmacológicos, toxicológicos e uso nos programas de fitoterapia do Brasil. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 20, n. 4, p. 627-640, 2010.
Czelusniak, K. E. et al. Farmacobotânica, fitoquímica e farmacologia do guaco: revisão considerando Mikania glomerata Sprengel e Mikania laevigata Schultz Bip. ex Baker. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 14, n. 2, p. 400-409, 2012.
Rocha, L. et al. Mikania glomerata Spreng: desenvolvimento de um produto fitoterápico. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 18, supl., p. 744-747, 2008.