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Tradição da 'farinha de guerra' é preservada por agricultores de Imbituba, Santa Catarina

No litoral de Santa Catarina, a produção artesanal de farinha de mandioca é uma tradição que tem quase três séculos. A atividade envolve mais de 60 engenhos, que fazem uma farinha bem fininha, típica da região, também conhecida como "farinha de guerra".

A maior parte vai para consumo próprio, mas alguns produzem o suficiente para complementar a renda. Só com a farinha, cada família ganha de R$ 4 mil a R$ 10 mil por ano, mas eles também conseguem outras formas de lucro, como a pesca e a produção da palmeira butiá. "Como ela (mandioca) é pouco exigente em fertilidade, em tratos culturais, isso faz com que você tenha tempo para se dedicar a outras atividades", explica a engenheira agrônoma Marlene Borges. Tradição que é preservada pela Associação Comunitária Rural de Imbituba (Acordi), a 100 km de Florianópolis. Presidida por Marlene, ela conta com mais de 50 famílias, que plantam em uma terra de uso comum e cuidam da rama até a farinha. Em mais ou menos 50 hectares, as famílias produzem mais de 40 variedades de mandioca e aipim. Mesmo com essa história, os agricultores de Imbituba dizem que estão perdendo espaço para indústria e para o turismo local. Agora, a comunidade luta pra regularizar sua terra e criar de uma unidade de conservação de uso sustentável. Nessa batalha, eles têm o apoio de uma rede que promove encontros entre produtores de todo o estado.


Farinha de Guerra:

A farinha de mandioca de Santa Catarina surgiu do encontro das culturas indígena e portuguesa. Quase 300 anos atrás, Florianópolis se chamava Nossa Senhora do Desterro e tinha só 300 moradores. Na época, mais de seis mil portugueses da Ilha dos Açores se mudaram para a região. Na Europa, os açorianos plantavam trigo e, com a farinha, faziam pão, mas em Santa Catarina essa cultura não vingou. Então, eles aprenderam com os índios a cultivar a mandioca. E foram afinando a farinha para panificar. Só que mandioca não tem glúten, que é a proteína que faz a massa ficar mais elástica. O pão não deu certo, mas, meio que sem querer, eles acabaram criando um novo tipo de farinha. Ela é mais clara que a farinha de puba ou farinha d’água, do Norte e do Nordeste do país. A farinha participou de um momento importante da história do Brasil no século 19. Na época, os produtores alimentavam um batalhão. Isso porque o governo imperial determinou que um terço de toda a farinha catarinense fosse para as tropas que lutavam no Paraguai. E ela ganhou o apelido de “farinha de guerra”.


Produto da mandioca tem quase 300 anos de história, que começou com o encontro das culturas indígena e portuguesa.

Clique aqui para ler a reportagem na íntegra.

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