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Fitoterapia, Plantas Medicinais e PICS no município de São Bento do Sul-SC

Ana Carla Prade
15 de outubro de 2020

Olá a todos leitores e visitantes do “PlantaCiência”. Meu nome é Ana Carla Prade, sou Farmacêutica de Práticas Integrativas, Fitoterapeuta Clínica, agricultora urbana e uma apaixonada por plantas medicinais. Há alguns meses recebi o convite para contribuir com uma coluna nesta linda página que acompanho desde que foi lançada e fiquei extremamente lisonjeada. Finalmente, entre atendimentos no SUS, pandemia e eventos “weblike” consegui uma brecha para entrar em mais uma jornada. E aqui estou.

A minha proposta é trazer para vocês que acompanham o “PlantaCiência” um pouco da trajetória do trabalho que realizo no município de São Bento do Sul, Santa Catarina, com a Fitoterapia, Plantas Medicinais e Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, as PICS. É um caminho que iniciou realmente do zero, porém com muito estudo, criatividade, apoio e sem muito dinheiro conseguimos implementar um programa que a cada ano se solidifica. A ideia aqui é compartilhar a construção deste projeto/programa através de contos descontraídos, para sairmos um pouco do modus operandi habitual do relato científico/prático.

Me considero, além de servidora pública de coração, uma cultuadora dos saberes de cura, do olhar ancestral sobre as coisas e sobre os seres e acho que tenho também um “que” de bruxa. Portanto, aviso a todos que adoro uma prosa, amo uma analogia arquetípica do comportamento humano (principalmente o feminino) e vou usar um pouco desta minha característica para trazer informações sobre meu fazer em Fitoterapia.

Nossos encontros serão periódicos e em cada texto/conto compartilharei com vocês as etapas do processo de implementação do nosso programa de Fitoterapia, contando alguns causos que vivenciei nestes quatro anos de história.

Neste primeiro contato, quero iniciar esta prosa com o primeiro desafio que encontrei. Após o convite do Secretário de Saúde de São Bento do Sul, o médico Manuel Rodriguez Del Olmo, para trabalhar com plantas medicinais em nosso município, a grande questão era: por onde começar? Como farmacêuticos temos noção de processos e procedimentos laboratoriais, entendemos de fármacos, mecanismos de ação, controle de qualidade e diversos outros assuntos cartesianos. Mas “Plantas” é algo muito específico (e amplo ao mesmo tempo). E “Plantas” no Sistema Único de Saúde é um verdadeiro vácuo (ou era!).

(Aqui merece um “pequeno” parênteses: estou realmente impressionada com a explosão de conteúdo de plantas medicinais, lives, cursos, grupos de trocas de experiências no WhatsApp e tantas outras fontes sobre a Fitoterapia que floresceram desde 2018. Vocês também estão? Gostaria muito de ter acesso a tudo isto quando iniciei minha jornada!)

Voltando...

O fato é que em 2017 havia poucas referências sobre Fitoterapia no SUS nos bancos de dados. Existem alguns relatos de experiências muito interessantes, como o da origem de tudo com o Prof. Abreu Matos lá no Cerará, mas as informações não forneciam um norte efetivo para a implementação de um programa de fitoterapia municipal. Você lê o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e há várias formas de trabalhar a Fitoterapia em um município e isto vai depender da realidade de cada um. É algo do tipo: “faça como o seu município quiser e puder, dentro de diretrizes e ações a serem cumpridas, mas sem um bê-á-ba”. Dentro desta variável temos os dois lados da moeda: você não sabe como vai começar a fazer e ao mesmo tempo você é considerado livre para criar. E foi o que fizemos.


De acordo com a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e com a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, ambas publicadas em 2006, há várias formas de trabalhar com Fitoterapia no Sistema Único de Saúde. Uma delas é a chamada “Farmácia Viva”. A portaria de consolidação n° 5 de setembro de 2017 define que uma Farmácia Viva deve realizar todas as etapas do processo desde o cultivo, a coleta, processamento, armazenamento, manipulação e dispensação de preparações magistrais e oficinais à base de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Todos os processos que compõe uma Farmácia Viva são regidos pela RDC n°18 de 3 de abril de 2013. Porém, existem outras formas de inserir a Fitoterapia na Rede de Atenção à Saúde e o modelo Farmácia Viva não é o único possível. Apesar do nome convidativo à Programas de Fitoterapia, nem tudo que está no SUS e chama-se Farmácia Viva segue esta legislação. Os municípios podem implantar Hortos de Plantas Medicinais, produzir Fitoterápicos em Farmácias de Manipulação municipais ou fazer como nós:  constituir uma Ervanaria.

A primeira coisa que chamou minha atenção na época em que iniciamos o processo de implantação do nosso Programa de Fitoterapia foi a questão do território. Ok, vamos trabalhar com plantas medicinais, vamos fazer uma horta medicinal bem linda, mas que espécies escolher para cultivar? Quais as demandas do nosso território? O que a população cultiva? Qual o nosso conhecimento tradicional sobre plantas medicinais? Entrou em cena, então, um dos maiores aliados para o início da implementação de programas de Fitoterapia no SUS: a pesquisa etnobotânica.


Quer saber o resto da história? Acompanha a minha coluna aqui no PlantaCiência.

Abraços a todos!

Ana Prade.

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